terça-feira, 31 de março de 2009

IN

INteiro, INterior, INtensidade.
Muitas vezes ouvimos ou falamos sobre o trabalho interno do ator, da busca pela intensidade na cena, estar presente, inteiro e concentrado no que faz. Quando o espetáculo já percorre alguns anos, é realmente muito bacana quando ainda encontramos o espaço interno que nos permite não falsear e sim, vivenciar realmente aquele momento. Confesso que fazia muito tempo que não sentia um desafio em cena, um risco. Estava trabalhando bem, porém num caminho confortável.

Sempre gostei de que me tirassem o tapete... dessa vez, eu mesma o tirei. Em cena passei por um processo no qual me senti totalmente sem chão e algo surgiu do novo, do espontâneo, do incerto, da dúvida e que me colocou num estado de graça, de plenitude. Estava ali como há muito tempo não estive. E outros olhares me disseram: você estava transbordando. Apesar de ter sido parcialmente ruim não encontrar o chão abaixo dos meus pés no exato momento do espetáculo, achei instigante os resultados, eles me confirmaram que bastou um pequeno desconforto para eu correr atrás da própria cena.

Hoje fiz um exercício com uma parceira de trabalho e novamente isso me saltou aos olhos: espaço de desconforto que gera intensões, emoções, pensamentos reais, sinceros, inteiros... eles são geradores de um impulso vital tão necessário ao trabalho do ator/atriz, pena serem caros e raros!!!!! Me custou o medo de ultrapassar os limites do outro, invadir espaços sagrados tão bem guardados. Porém, logo veremos os resultados em forma de uma bela atriz, com uma bela história numa bela arte.

E que assim seja!!!


quinta-feira, 26 de março de 2009

"a" crítica



"a" ousa com humor e drama agradar a “menina má” de todas nós

Vanessa Martins de Souza
24.03.2009


"a", de artigo feminino, veio da linda Floripa para tirar um ácido, criativo e bem humorado retrato do que é ser mulher ao longo da vida. Classificada como comédia dramática, "a" foi feita para fazer a “menina má” que toda mulher tem (e tantas mulheres talvez nem sonhem em colocar para fora), ir à forra. Pelo drama e pelo riso.

Porém, parece que a plateia presente no dia 23, um pequeno grupo de moças e mulheres, levou a montagem com excessiva seriedade. Praticamente não ouviu-se risos, ou viu-se sequer o esboçar de sorrisos em quem estava na plateia. No máximo, um ou dois murmúrios nesse sentido puderam ser ouvidos, durante os 55 minutos da apresentação. O que é uma incompreensível falta de senso de humor. Pois, a montagem do N. A. T. (Núcleo Ação Teatral) é muito sarcástica, de um humor corrosivo, tanto na excelente linguagem textual quanto na estonteante linguagem corporal com que as atrizes Luciana Machoski Holanda, Maria Amélia Gimmler Netto e Marina Almeida se apropriam sem inibições.

Elas se revezam, com um adorável descaramento, em monólogos inesquecíveis sobre três momentos da mulher: a infância, a sexualidade e a maternidade. O surreal também está presente numa surpreendente história envolvendo pedofilia. Uma vingança macabra contra os pedófilos.

As três não se acanham em, além do texto, inspirado livremente em Dario Fo e Franca Rame, explorar também o corpo, as mãos, o chão, para expressar as frustrações, chateações, dilemas, fantasias e desejos próprios do sexo feminino. Em tom de protesto, vingança, provocação ou desabafo sarcástico, "a" também é denúncia, uma espécie de manifesto feminista, trazendo informações sobre violência doméstica, infanticídio feminino, entre outras. Mas não se apresse em classificá-la de feminista. Não se pode chamar de feminista uma dramaturgia que considera a hipótese de alergia feminina ao látex da camisinha, bem como os efeitos colaterais que a “bomba de hormônios” da pílula do dia seguinte pode trazer.

Seria mais preciso dizer que "a" é absolutamente feminina, revelando a mulher em suas contradições e desafios e levantando discussões. Como uma conversa íntima de mulher pra mulher. Mas da qual os homens também podem e devem participar.


http://www.curitibainterativa.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=16914


No site do Festival, encontramos alguns comentários:

Comentários

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Paulo Rocha | 25/03/2009 | 15:59
Bravo! Espetaculo muito bom. Indico a todos amantes do teatro. Bonito cenario, otimas atrizes e texto instigante.

Roselize Stüpp | 25/03/2009 | 08:12
Gostei muito a peça "A", que apresenta de forma dinâmica um retrato interessante do universo feminino. Para nós mulheres aumenta a compreensão de nós mesmas...Para os homens é uma aula excelente sobre a forma que merecemos ser tratadas...

bárbara | 18/03/2009 | 13:57
Lindo, sensível, intenso, divertido. Um espetáculo dinâmico. Assisti três vezes já, e se estivesse por aí veria mais quatro!

Elisa Perfeito | 18/03/2009 | 13:39
Gente, assisti ao "A" em Floripa e mexeu muito comigo. Indico a todos, afinal de contas o espetáculo é realmente imperdível. Mulheres, se preparem...e homens, acompanhem!!!

http://www.festivaldecuritiba.com.br/servlet/DetalhesEventoController?state=1&codEvento=1004


segunda-feira, 23 de março de 2009

Só Mulheres!!!!

Pela primeira vez em 4 anos, nosso espetáculo teve hoje uma platéia somente feminina!!!! INCRÍVEL!!!!!!!
No início do nosso processo de construção, chegamos a pensar na possibilidade de separar o público feminino do masculino. Queríamos tirar dessa experiência algumas respostas e/ou muitas perguntas, e elas vieram... muitas mesmo!!!! Entre esse público feminino havia um grupo de estudantes de jornalismo, psicológas, mães e filhas.
Para nós atrizes, algo foi bem diferente... suave, silencioso, porém forte e com uma certa cumplicidade, afinal somos três atrizes, foi quase um clube da luluzinha (hehehe).
Bom, cinquenta por cento da nossa experiência está concluída, agora, aguardamos anciosamente pelo dia em que somente homens sentem-se frente à essas bonecas.

Estamos então no aguardo dessa espontaneidade.


sexta-feira, 20 de março de 2009

Curitib"a"




Apareçam e divulguem!!!


“a” é uma realização do NAT (Núcleo Ação Teatral), formado por artistas catarinenses, gaúchos e paulistas. O espetáculo explora o universo feminino e os temas relacionados à mulher na sociedade atual.

As personagens são destituídas de características de uma mulher pertencente a determinado período histórico e trazem à cena, temas que são considerados pelo grupo como sendo atemporais, universais e merecedores de reflexão e discussão. Entre eles: o aborto, a violência doméstica, a exploração sexual e o sexismo.Através do olhar feminino na sua essência o espetáculo expõe ao público tais temas.

Além de temporadas independentes em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, destacando as realizadas no Teatro da UBRO (Florianópolis) e na Cia de Arte (Porto Alegre) o espetáculo já participou de diversas mostras e festivais, desde 2006, entre eles: XV Festival Internacional Floripa Teatro (2008); VII Seminário Internacional Fazendo Gênero (2007); Projeto Segundas Dramáticas DAD/UFRGS (2008).

Para completar o circuito de apresentações nas principais cidades da região sul do Brasil o N.A.T. (orgulhosamente!) participa do FRINGE / Festival de Teatro de Curitiba de 2009.

Espaço Cultural Falec
Rua Mateus Leme,990
Centro/ Curitiba

dia 22 as 12horas;
dia 23 as 15 horas;
dia 24 as 18 horas;
dia 25 as 21horas.


terça-feira, 10 de março de 2009

tudo passa?

Nada melhor do que deixar o tempo aliviar nossos sentimentos. Alguns meses, talvez anos, podem sugerir um novo caminho, um novo modo de ver e de ser visto. Por vezes, algumas certezas permanecem intactas, outras flutuam como se nunca tivéssemos tido acesso a elas.
Deixar-se levar... flutuar com as incertezas, permanecer em estado de gratidão mesmo sem ter a resposta que tanto procuramos; quando a saudade e a ausência criam vincos profundos resta somente esperar que tudo passe. E passa? Passa... passa por aqui. Passa dentro do peito, da memória e da confiança. Estar junto pela admiração, pela cumplicidade criada, pela necessidade de retomar de um ponto... aqui parou. Passou e aqui estamos.


sexta-feira, 6 de março de 2009

41 x 14

Hoje é aniversário do meu irmão!!! É, eu tenho um irmão. Não o vejo há 14 anos (eu acho).

Na verdade, o que defini uma pessoa ser seu irmão? Ter o mesmo sangue? Ter crescido com você? Fazer parte do círculo de pessoas para quem você conta seus segredos? Amar incondicionalmente?


Eu não tenho o mesmo sangue que o dele, mas ele tem Machoski no sobrenome... cresci às voltas das loucuras dele. Algo que ficou muito marcado foram as massagens que eu fazia em seus joelhos, nessa época eu era uma menina, mas a única para quem ele contava as loucuras das noites paulistanas do fim dos anos 80. Brigávamos muito, mas eu ouvia suas histórias com certo interesse, pois tudo que ele fazia era proibido, e mesmo com todo aquele moralismo que pairava nos ares, eu me sentia importante por ser a sua única confidente.

Quando nos falamos é sempre estranho porque parece que devo desculpas a ele, e não porque tenho complexo de culpa não, é porque acordei tarde para a realidade dele, ou ainda, porque ele não soube contar bem suas histórias.

Hoje ele faz 41 e eu faço 14... nunca é tarde para perceber.

parabéns Du.


quarta-feira, 4 de março de 2009

peito cheio

É como se fosse um turbilhão, invade o peito e preenche de lágrimas... me resta somente soltá-las, liberar o peito carregado e a cabeça cheia de tanta pergunta.
Chorar sempre fez muito bem pra mim, é uma forma muito intensa de aliviar as tensões. Pra muitos pode parecer triste, e as vezes até é, mas muitas vezes é somente um caminho, como tantos outros.


Respeitar o momento e vivê-lo.